Origem humilde, sucesso meteórico, falência, limites éticos, american dream. Todos esses termos descrevem um pouco da vida de Jordan Belfort, conhecido como o Lobo de Wall Street por sua postura irredutível na bolsa de valores norte-americana.
Sua história é inspiradora e reflete o sucesso baseado em mérito, proatividade e oportunidades que cavou ajudado pelo seu carisma.
Fundou corretora de ações, passou por escândalos de fraude fiscal, teve seu sucesso meteórico interrompido pelo FBI e se reinventou.
Todas essas reviravoltas fizeram de Belfort uma personalidade intrigante, que despertou muitas críticas e, ao mesmo tempo, admiração. Mas não há como negar: ele criou lições valiosas que podem ser replicadas – dentro dos limites éticos – no cenário corporativo e em vendas para o sucesso de negociações.
Saiba mais sobre a vida e as lições do Lobo de Wall Street:
História de Jordan Belfort
Jordan Belfort nasceu e cresceu no Queens, bairro de NY, e desenvolve compreensão e sagacidade sobre o mundo dos negócios desde cedo.
De acordo com sua autobiografia “O Lobo de Wall Street”, Belfort trabalhou com um amigo vendendo doces em coolers de isopor em uma praia na infância.
Nos meses de verão entre o ensino médio e a faculdade, Belfort e seu amigo levantaram 20 mil dólares. Foi o primeiro negócio bem-sucedido.
Ele entrou na American University e estudou biologia com planos de se matricular na faculdade de odontologia, usando o dinheiro que havia levantado no seu empreendimento.
A primeira reviravolta aconteceu quando o reitor da Faculdade de Odontologia da Universidade de Maryland alertou os alunos no primeiro dia de aula que a odontologia não era um curso que proporcionaria sucesso financeiro. Então Belfort desistiu.
Depois desse período, Belfort se tornou vendedor porta a porta em Long Island. O novo empreendimento foi também bem-sucedido e cresceu a ponto de ele precisar ter uma equipe com vários funcionários.
Mas aos 25 anos o negócio faliu e Jordan entrou com pedido de falência. Foi só então que ele se interessou em trabalhar como corretor da bolsa de valores, cargo que assumiu com a ajuda de um amigo da família.
No final da década de 1980, já perto dos 30 anos, ele fundou a corretora Stratton Oakmont, um mercado de balcão (ou seja, que opera fora da bolsa de valores).
A Stratton Oakmont se saiu muito bem nos anos seguintes e foi ligada aos IPOs de quase três dúzias de empresas, dentre elas, a Steve Madden Ltd., uma conhecida marca de calçados e acessórios.
Em 1993, Stratton Oakmont liderou o processo de IPO da empresa, usando seu método agressivo de manipulação de mercado para inflacionar artificialmente o valor das ações.
Esse esquema fez com que a Stratton Oakmont e seus associados lucrassem de maneira exorbitante, enquanto muitos investidores eram deixados com ações supervalorizadas e prejuízos quando o valor real das ações foi ajustado.
Steve Madden, o fundador da empresa, tinha uma relação próxima com Belfort. Ele se envolveu nos esquemas financeiros fraudulentos de Belfort e, anos depois, foi condenado por fraude imobiliária.
Conquistas
As conquistas de Belfort são inegáveis. Ter sucesso em quase todos os empreendimentos, desde a venda de doces na praia até a corretora responsável por abrir IPO de várias empresas, é algo no mínimo instigante.
Mas sua principal conquista foi transformar a Stratton Oakmont, corretora que fundou, em uma das mais conhecidas e, paradoxalmente, mais controversas corretoras de Wall Street.
Mas as suas conquistas não se limitam a esse sucesso meteórico. Mesmo depois da queda de seu império e sua prisão, Belfort conseguiu retomar sua carreira, assumindo um novo papel como palestrante motivacional e consultor.
Ele compartilhou sua história e dicas sobre técnicas de venda e desenvolvimento pessoal, adotando a postura de educador das armadilhas e dos riscos que ele mesmo encontrou ao longo do caminho.
Além disso, ele também publicou o livro The Wolf of Wall Street, uma autobiografia que não apenas se tornou um best-seller, mas também inspirou o filme homônimo dirigido por ninguém menos que Martin Scorsese.
Assim, as conquistas de Belfort transitam entre o sucesso empresarial vertiginoso e uma transformação pessoal, marcada pela tentativa de ensinar os outros a evitarem os mesmos erros que ele cometeu.
Vida atual
O caso Madden é um exemplo de como a Stratton Oakmont, sob o comando de Jordan, afetou várias empresas e investidores, além de evidenciar as consequências duras das manipulações financeiras nos bastidores do mercado.
Mas o que deixou muitos com a pulga atrás da orelha é entender como Belfort conseguiu um sucesso tão rápido e impactante.
Vida atual
Para deixar a prisão, Belfort fez um acordo de restituição e foi obrigado a pagar 50% de fortuna aos seus antigos investidores fraudados até 2009.
O Ministério Público Federal entrou com uma queixa em 2013, alegando que Belfort não havia pago o valor devido de sua renda nos anos anteriores.
Por fim, Belfort chegou a um acordo separado com as autoridades federais para concluir os pagamentos que ele ainda não havia concluído.
Após sua sentença e tempo na prisão, Belfort escreveu duas memórias, incluindo “O Lobo de Wall Street”, e “Way of the Wolf”, um livro de autoajuda.
Em 2023, vários veículos de notícias relataram que seu patrimônio líquido ainda é considerável: mais de US$ 110 milhões.
Além de conduzir treinamentos e palestras, Belfort mantém uma presença ativa nas redes sociais e participa de podcasts e programas onde discute assuntos como técnicas de vendas, a importância de escolhas éticas e do aprendizado com os erros do passado.
Ele também nutre um canal no YouTube, onde publica conteúdos relacionados a temas de vendas, empreendedorismo e vida pessoal, sempre com um estilo direto e motivador.
As polêmicas em que esteve envolvido continua a gerar polêmica, mas Belfort parece empenhado em limpar seu passado, usando suas experiências para tentar alertar outros sobre os riscos do sucesso a qualquer custo e da falta de ética nos negócios.
Filme
O filme “O Lobo de Wall Street” foi criado como uma releitura do livro que carrega o mesmo nome, escrito pelo próprio Belfort.
O diretor do filme, Martin Scorsese, o lançou em 2013, contando a história de Jordan Belfort, que é interpretado por Leonardo DiCaprio.
O filme ilustra com detalhes o estilo de vida extravagante e as práticas de fraude que marcaram a Stratton Oakmont, mas como toda adaptação cinematográfica, vários aspectos foram exagerados ou modificados para aumentar o drama e o impacto visual.
Um dos pontos mais próximos da realidade é o método de vendas altamente agressivo que Belfort desenvolveu e que de fato transformou a Stratton Oakmont em uma das corretoras mais controversas da época.
O estilo de vida de Belfort, repleto de festas luxuosas, uso de drogas e comportamentos extremos, também tem fundamento real.
Belfort admitiu que ele e seus colegas viviam entre festas e exageros financiados pelos lucros da empresa.
A sequência de ações fraudulentas – manipulações de mercado, ofertas públicas inflacionadas, e as relações próximas e manipulativas com investidores – também é, em maior parte, verdadeira, embora o filme omita detalhes mais técnicos e legais dos esquemas.
Mas, por outro lado, o filme exagera em alguns pontos. Por exemplo: as cenas de festas no escritório e o caos entre os funcionários provavelmente foram amplificadas para um efeito cômico.
Além disso, a amizade entre Belfort e Donnie Azoff, personagem inspirado em Danny Porush, foi alterada em aspectos específicos, e Porush afirma que certos excessos mostrados no filme, como o episódio onde ele engole um peixe dourado vivo, não aconteceram.
No geral, o filme mistura verdades e mentiras em uma narrativa que capta o lifestyle de Jordan, embora a linha entre fato e ficção seja tênue em prol da narrativa visual impactante e cômica que Scorsese buscou transmitir.
Lições de negócios
Nem toda a trajetória de Belfort é condenável: ele deixou algumas lições de negócios que podem ser transpostas para os limites legais e éticos, capazes de gerar bons resultados.
Algumas delas são:
Não espere as condições adequadas. Aprenda fazendo!
Jordan Belfort e sua equipe começaram do zero, com pouca ou nenhuma experiência em vendas ou mercados de ações.
A maioria dos membros da equipe nem sequer tinha educação adequada.
Se você assistiu ao filme, deve se lembrar de que a atmosfera da empresa de garagem de Jordan era bem diferente da atmosfera de qualquer escritório formal.
Mas além de todas as festas e gastos extravagantes, havia constantes atividades, treinamento e aprendizado no trabalho.
A cena em que Jordan pega um roteiro para vender penny stocks (ações vendidas por menos de $1) para os ultrarricos é onde essa percepção começa: ele transformou pessoas não qualificadas em vendedores de alta performance.
O que podemos tirar de proveito aqui é: invista seu tempo em sua equipe. Vendas exige conhecimento, técnica e prática!
Procure mais potencial do que experiência
À primeira vista, a equipe de Jordan parecia uma piada. Mas foi o time que levou a Stratton Oakmont de uma garagem para um escritório enorme e luxuoso.
Jordan escolheu o potencial para sua equipe em vez da experiência.
Jordan procurava pessoas entusiastas, que estivessem dispostas a se esforçar e prontas para aprender.
Nem uma vez ele fez sua equipe se sentir incompetente; ao contrário, ele fez o oposto. Ele escancarou à sua equipe o que eles eram capazes de fazer.
Ele confiava no potencial do time e, mais importante, confiava que o time era treinável.
Encontre um problema e ofereça uma solução para ele
Vender algo não significa fazer uma transação financeira. Significa resolver um problema.
Compramos um carro por seus aspectos técnicos, mas também por seus aspectos funcionais: o carro resolve o problema da mobilidade.
Uma casa resolve o problema da segurança, da comodidade e do conforto básico.
Essa é uma lição que podemos tirar de diferentes momentos da vida de Belfort: desde quando ele optou por vender doces na praia, até quando passou a vender ações.
No filme, a cena pode ser ilustrada pelo diálogo icônico:
Jordan: “Brad, mostre a eles como se faz. Me venda essa caneta.”
Brad: “Por que você não me faz um favor e escreve seu nome naquele guardanapo para mim?”
Jordan: “Não tenho caneta.”
Brad: “Exatamente! Oferta e demanda, meu amigo!”
Aplicações em Vendas
A habilidade de Jordan em motivar e treinar equipes era excepcional, e ele foi um dos pioneiros a utilizar o conceito de “linha reta” nas vendas, que também ficou conhecida como técnica do lobo.
Trata-se de uma técnica persuasiva que explora ao máximo a predisposição dos clientes a investir/comprar.
O sistema de vendas em linha reta ensina como conduzir clientes a uma decisão de compra de forma controlada, sem desvios pelo caminho.
O vendedor guia a conversa de modo firme, evitando desvios e mantendo o cliente em um “caminho reto” rumo ao fechamento.
A metodologia envolve três pilares:
- Assumir o controle da conversa,
- Construir confiança, e
- Quebrar as objeções.
O vendedor mantém o controle, conduzindo o cliente com perguntas e argumentos que o levem a confiar no produto, no próprio vendedor e na empresa.
Saiba mais em: Os Segredos do Lobo – Técnicas do método de vendas infalível
Conclusão
Seja pelas lições inspiradoras que deixa ou pelo histórico polêmico, Jordan Belfort é um exemplo complexo que mostra, na prática, a importância de seguir limites éticos e legais.
Mas Belfort também inspira com suas técnicas de vendas e serve como um lembrete de que ambição e integridade precisam encontrar um equilíbrio saudável!